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10 clássicos da literatura portuguesa

por Forretas

25/03/2022
10 clássicos da literatura portuguesa

A literatura portuguesa é dos maiores legados e heranças que o país tem eternizado. Verdadeiras obras-primas traduzidas para múltiplos idiomas que levam os autores portugueses a todos os cantos do mundo. Por isso, escolher clássicos portugueses é difícil, tantas são as obras de elevado nível, e escolher apenas dez mais complicado se torna, mas explore as nossas sugestões para enriquecer a sua biblioteca ou a de um amigo. Amigo também é um bom termo para aplicarmos a estes livros de autores portugueses, pela forma como marcaram gerações.  

Os clássicos da literatura portuguesa são intemporais e devem ser folheados vezes e vezes sem conta. 

 

1 – O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa 

Publicado pela primeira vez em 1982, 47 anos após a morte de Fernando Pessoa, “O Livro do Desassossego” será a obra mais profunda deste autor incontornável. Pela pena do heterónimo Bernardo Soares, o livro levou 20 anos a ser escrito e ficou incompleto. Uma biografia com mais de 500 trechos que retratam a angústia da existência, as dúvidas, as inquietações...o eterno desassossego de Pessoa. Uma viagem intensa pela complexidade da mente de um dos maiores génios da literatura portuguesa. 

 

2 – O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago

De Fernando Pessoa para José Saramago através de Ricardo Reis: este heterónimo é a personagem central de uma obra publicada em 1984 por quem viria a ser, em 1998, o Prémio Nobel da Literatura. Com sabedoria e a sua escrita inconfundível, Saramago parte dos dados deixados por Pessoa para retratar os derradeiros nove meses de vida deste médico exilado, passados em Lisboa, em 1936. "O Ano da Morte de Ricardo Reis" “É um livro sobre a solidão, triste, sobre uma cidade triste, sobre um tempo triste”, descreveu o autor, que envolveu na narrativa o delicado contexto histórico da época, com a ascensão dos regimes fascistas. 

 


3 – Os Maias, Eça de Queiroz

É uma das obras da literatura portuguesa mais famosa de sempre e foi publicada em 1888 por um autor para sempre contemporâneo. Em “Os Maias”, Eça de Queiroz retrata uma família lisboeta da segunda parte do século XIX com elevada mestria: na linguagem, no humor refinado, na descrição das personagens e enredos. Contudo, é mais do que um romance com atração pelo fatalismo. Como Eça tão bem sabia fazer, é uma reflexão crítica e uma sátira à sociedade portuguesa da altura. Este é um dos clássicos da literatura portuguesa obrigatório em qualquer estante. Mesmo que já o tenha lido no ensino secundário, experimente reler, não se vai arrepender. 

4 – Ensaio Sobre a Cegueira, José Saramago 

Um homem perde a visão quando está parado num semáforo e assim se dá o ponto de partida para uma distopia poderosa e inquietante. Qual epidemia, a cegueira espalha-se rapidamente pela cidade inteira, não há cura aparente e a esperança está nas mãos de uma pessoa. A metáfora que Saramago no "Ensaio sobre a cegueira" criou leva-nos para uma reflexão profunda sobre as falhas humanas, políticas e sociais. “Se somos assim, que cada um se pergunte porquê”, desafiou o autor. 

 

5 – Amor de Perdição, Camilo Castelo Branco 

Ao falarmos dos grandes autores portugueses, não poderíamos passar ao lado de Camilo Castelo Branco e do seu amor impossível. "Amor de Perdição" é inspirada na vida do autor e explora um triângulo amoroso de contornos dramáticos, entre Simão Botelho, Teresa de Albuquerque e Mariana da Cruz. Camilo disse que escreveu o livro em 15 dias, “os mais atormentados” da sua vida. É uma das histórias de amor mais fortes da literatura portuguesa e um retrato das amarras sociais do século XIX. 

 

6 – Os Lusíadas, Luís Vaz de Camões 

Não será um daqueles livros de autores portugueses para ter na mesinha de cabeceira, mas “Os Lusíadas” é um título obrigatório da literatura portuguesa: é o seu poema mais épico de sempre, publicado em 1572. Camões narra com uma técnica imbatível as aventuras dos Descobrimentos portugueses, especialmente a viagem de Vasco da Gama à Índia, além de evocar outros feitos e figuras da nossa história, como Inês de Castro ou D. Afonso Henriques. Os dez cantos também relatam histórias de mitologia e Deuses do Olimpo. 



7 – Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett 


Entre os grandes autores portugueses consta também o nome de Almeida Garrett, que com “Viagens na Minha Terra” deu o ponto de partida para a literatura portuguesa moderna. No livro, publicado em 1846, o autor relata a sua viagem, a vários níveis, entre Lisboa e Santarém, ao mesmo tempo que explora a história de Joaninha e Carlos. São as personagens centrais de um enredo sentimental e influenciado pelas feridas da Guerra Civil. De forma inovadora, Garrett juntou ao romance outros géneros literários, como o manifesto político e a crónica jornalística. 


8 – A Criação do Mundo, Miguel Torga 


Este clássico português foi publicado em cinco volumes, de “Os dois primeiros dias”, de 1937, até “O sexto dia”, de 1981. Na "A Criação do Mundo", Miguel Torga cruza a mitologia bíblica da criação do mundo com uma viagem autobiográfica, na qual narra as suas vivências de Trás-os-Montes e o que testemunhou em vários pontos de uma Europa amarrada pelo fascismo. O “quarto dia”, o retrato de Espanha dizimada pela Guerra Civil, valeu-lhe ordem de prisão do Estado Novo, período que também acabou relatado nesta obra ímpar da literatura portuguesa. 

 

9 – Obra Poética, Sophia de Mello Breyner Andresen 


Nenhuma viagem pelos livros de autores portugueses estaria completa sem Sophia, uma das poetisas mais marcantes da literatura portuguesa. Esta obra é inestimável por reunir praticamente todos os poemas de Sophia de Mello Breyner, alguns deles inéditos. Beleza em cada verso e uma sensação de paz e tranquilidade. 

 

10 – Sonetos, Florbela Espanca 

Terminamos esta viagem com outra poetisa marcante. Florbela partiu cedo demais e de forma trágica, mas deixou-nos uma obra poética de leitura obrigatória. Este livro reúne o essencial dos poemas e obras de Florbela Espanca, como Charneca em Flor e Reliquiae. São expressão de dor, amor, desejo, paixão, mágoa e angústia, sentimentos que a escritora conheceu de forma profunda desde a infância – escreveu o primeiro poema aos oito anos.